Internacional

RESOLUÇÃO DE CONJUNTURA INTERNACIONAL APRESENTADA AO V CONGRESSO NACIONAL DO PSOL

Nos últimos dias a economia chinesa, segunda maior do mundo apresenta diversas baixas acentuadas, na bolsa de Xangai estaria ocorrendo um “terremoto”, com perdas superiores a três trilhões de dólares. A crise, só não é mais grave em virtude do gigantismo da economia e da ação do estado chinês. Este sob a égide de dois princípios: totalitarismo chamado de “comunismo” e economia neoliberal, onde os trabalhadores não têm praticamente nenhum direito, se constituiu no espaço privilegiado de reprodução do capital nas últimas décadas, pois ali os conflitos com a classe trabalhadora são sufocados à força da lei e das armas.

É nesse contexto da economia mundial que a concentração de riquezas atinge proporções sem paralelo histórico. Segundo estudo da ONG britânica Oxfam à riqueza de 1% da população planetária aumentou de 44% do total de recursos mundiais em 2009 para 48% em 2014. Esse índice pode ficar acima de 50% caso o crescimento atual continue nesse patamar de aceleração. Segundo a Revista Forbes a concentração chega a números tão absurdos que a soma da riqueza dos 400 maiores bilionários dos Estados Unidos é semelhante ao PIB do Brasil em 2013 (U$ 2,245 trilhões de dólares).

A situação é tão dramática que até o Papa Francisco tem denunciado de forma contundente à desigualdade, à injustiça e à opressão, a exemplo da recente viagem à América do Sul. Alertou para os fatores de miserabilidade e violência em todo planeta, levando à ocorrência de guerras e de degradação do meio ambiente.

Esse processo ampliou-se no final do século XIX e início do século XX, com o desenvolvimento dos monopólios representados pelos trustes e cartéis, desencadeando o que Lênin chamou de “Imperialismo a Fase Superior do Capitalismo”, levando os grandes conglomerados a desenvolverem a associação do capital produtivo com o capital financeiro. Nessa primeira fase eram as empresas que tinham bancos e depois já nas décadas finais do século XX os bancos passaram a controlar as empresas, numa lógica em que o capital financeiro ficou cada vez mais abstraído em relação ao capital produtivo. Hoje para cada dólar negociado na ciranda financeira mundial cerca de 70 estão inseridos na ciranda especulativa e um dos principais mecanismos que alimentam este cassino global são as dívidas dos países, cujo exemplo mais recente é o caso da dívida grega. A crise grega exemplifica o entendimento sobre a agiotagem global, sequestrando as riquezas dos países com o aval dos respectivos governos.

Maria Lúcia Fatorelli, integrante da equipe de auditores que avaliou a composição da dívida grega, apontou que dos 312 bilhões de euros pelo menos 220 bilhões decorrem de acordos ilegais para salvar bancos, juros absurdos e corrupção. Essa dinâmica é a mesma em toda parte; sob a supervisão das grandes potências econômicas mundiais, do FMI e do Banco Central Europeu (ECB); governos prepostos são financiados para drenarem as riquezas dos seus países aos capitais especulativos. Nesse contexto as economias de países como Portugal, Espanha, Irlanda e principalmente a Itália (uma das maiores dívidas da Europa hoje), se encaixam nesse perfil de economias espoliadas. Esse processo abrange as economias dos países da América Latina, da África e da maioria dos asiáticos, arrastando o mundo para essa ciranda onde as riquezas são cada vez mais concentradas nas mãos das classes dominantes dos países ricos, enquanto a grande maioria da população mundial vive sob a privação dos bens básicos para a sobrevivência resultando em miséria, fome mortes e guerras locais e regionais atingindo mais da metade da população do planeta.

Contra essa situação os trabalhadores reagem com greves e manifestações no mundo inteiro principalmente na Europa, com a forma como os Estados são governados e os recursos públicos empregados; resultando no crescimento de partidos políticos e movimentos de esquerda como o Podemos na Espanha e o Siriza na Grécia onde foi eleito o primeiro ministro. Foi uma grande vitória contra o capital financeiro do povo grego dizendo não no referendo às políticas de austeridade impostas pela Troika. Nesse sentido o governo Tsipras ao assinar um acordo legalizando a dívida ilegal, com o pretexto de que não havia outra saída para o país; cede à chantagem dos agiotas, traindo o voto de confiança de mais de 60% da população, praticamente destruindo essa promissora experiência de esquerda como alternativa à ditadura do capital espalhada pelo mundo através dos governos prepostos.

Outra ação alimentadora do lucro é a indústria da guerra gerada pelas grandes potências bélicas mundiais, provocando genocídios regionais de milhares de vítimas do continente africano, do Oriente Médio e nos últimos anos da Ucrânia. Evidentemente todos esses conflitos apresentam características diferenciadas, como por exemplo: os massacres realizados pelo terrorismo do Estado Islâmico que combinam o fanatismo religioso, com pretexto de combater os valores ocidentais. Na verdade é o efeito colateral da invasão do Iraque e do Afeganistão, da derrubada de Kaddafi na Líbia patrocinada pelos Estados Unidos e do financiamento da guerra civil na Síria pelo imperialismo; bem como pelos sucessivos genocídios cometidos contra os palestinos pelo Estado de Israel, que tem cometido crimes de guerra a exemplo dos massacres contra a população de Gaza em 2014.

Resultado: constituição de grupos que através do fanatismo religioso, do combate ao modo de vida ocidental e da espetacularização da barbárie, através do uso da internet, vêm cada vez mais se fortalecendo, principalmente entre a juventude inclusive europeia que sem perspectiva diante do desemprego está ingressando nas fileiras desses grupos que atuam no Norte do Iraque, na Síria e no norte da África, semeando o terror com execuções em massa entre as populações dessas regiões. A preocupação dos Estados Unidos nesse conflito tem como elemento central o controle das maiores reservas de petróleo do mundo; localizadas no Golfo Pérsico, visando evitar a união dos países árabes. Com eles divididos ocorre à contenção de uma possível redução da produção que provocaria o aumento dos preços e consequentemente outra crise petrolífera a exemplo do que ocorreu no início da década de 1970.

O genocídio e a desagregação tem provocado outro problema dramático: o problema dos refugiados de guerras e da miséria extrema; oriundos principalmente do norte da África, tentando entrar no continente europeu através do Mar Mediterrâneo, provocando milhares de mortes quase toda semana, sob a omissão dos governos europeus, porta vozes de grupos nazifascistas e xenófobos.

É nessa realidade que se insere o recente acordo nuclear com o Irá assinado pelas potências atômicas mundiais, patrocinado pelo governo Obama, mesmo com as reclamações do governo israelense. O objetivo central além de conter provisoriamente o desenvolvimento da bomba pelos iranianos busca o apoio destes para estancar o avanço dos grupos terroristas nesta explosiva região.

A lógica arrasadora do lucro e da expropriação, combinada com a concentração levam os recursos energéticos à exaustão, provocando o colapso ambiental em escala planetária. O uso descontrolado e irracional dos recursos naturais tem como consequência a poluição sistemática do ar, da água e do solo, para satisfazer à ganância insaciável do lucro dos grandes conglomerados imperialistas globais, comprometendo a sobrevivência de bilhões de pessoas, além da fauna e da flora, provocando modificações climáticas estruturais que podem comprometer o futuro do planeta.

Na América Latina, o acordo que levou os Estados Unidos e Cuba a reabrirem suas embaixadas em Washington e Havana respectivamente, após 54 anos, para além de representar um gesto simbólico, expressa a resistência do povo cubano contra os ataques da superpotência principalmente na forma do bloqueio econômico. Por outro lado, a situação da Venezuela com o financiamento de grupos apoiados pelos Estados Unidos para sabotar o governo Maduro e as medidas populares que são apoiadas pela população da periferia das cidades venezuelanas como as “missiones”, significam ataques a este e outro programas que vêm reduzindo a desigualdade; o salário mínimo que era $ 47 dólares em 1999, saltou para $ 371 dólares e a mortalidade infantil caiu de 21,4 para cada 100 mil nascimentos para 14,7. A crítica ao governo vem dos setores conservadores alinhados com os Estados Unidos que recebendo doações vultosas têm articulado movimentos para sabotar a economia e assim enfraquecer o governo, que tem respondido à altura punindo os conspiradores de acordo com a legislação bolivariana.

DEFENDEMOS:
 Estado Palestino laico, democrático e socialista;
 Fora Israel dos territórios palestinos;
 Fim do embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba;
 Fim das bases militares norte-americanas no Mundo;
 Fora o imperialismo do continente africano.
 Fim do sistema capitalista.